Caso Valentina: «pulgas, piolhos, nódoas negras» e a revolta do homem que criou a menina

Nelson Andrade criou Valentina durante seis anos. O ex-namorado de Sónia Fonseca, que tatuou o nome da menina no próprio corpo, revela pormenores sobre a relação de Valentina com Sandro.

16 Mai 2020 | 12:15
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Nelson Andrade está separada da mãe de Valentina há dois anos. Durante seis anos, foi um pai para a menina. Em entrevista ao Sexta às 9, e apesar de não ter dado a cara, Nelson revelou que, quando iniciou a relação com Sónia Fonseca, Valentina era ainda bebé e não tinha qualquer contacto com Sandro Bernardo. Este, como já foi noticiado, só perfilhou a menina quando esta tinha um ano.

O homem que terá matado a própria filha, a 1 de maio, só reconheceu a menina após ordem judicial e, mesmo depois disso, conta Nelson Andrade, chegou a ameaçar Sónia por esta ter dado o seu apelido a Valentina.

Ao Sexta às 9, da RTP, o homem 42 anos relata o dia em que Valentina foi casa do pai pela primeira vez. Veio de lá com «pulgas, piolhos e nódoas negras». Teria 1 ano e meio. Nelson diz não entender o que levou Sónia a deixar Valentina ir para casa do pai e revela que quando soube, ligou a um familiar da ex a questionar a decisão.

Indícios de que não gostava de estar no pai

 

A 8 de abril de 2019, Valentina foi encontrada na rua, após ter fugido de casa do pai. A casa não era aquela em que acabaria por morrer mas sim uma outra, da qual o pai foi expulso por não pagar a renda. O processo transitou da polícia para a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, que não aplicou medidas de promoção e proteção e arquivou o caso de Valentina.

Desde a situação de pandemia, Sónia estaria desempregada e, segundo o programa da RTP, a mãe de Valentina estaria a passar muito tempo em casa do namorado, DJ num espaço noturno no Bombarral. Sandro Bernardo tinha-se despedido pois estava prestes a emigrar para a Bélgica, onde já vive a mãe de Márcia.

As primeiras notícias, quando Portugal conheceu o caso de Valentina, davam conta de que a menina estaria em casa do pai pois a mãe não tinha internet em casa. Outras, indicavam que, com a pandemia, e com Valentina em casa todo o dia, Sónia decidiu mandá-la para o pai para poder trabalhar.

Ainda não é claro qual o contacto que levou Valentina ao sítio onde iria morrer. Mas a escola da menina avança que até ao dia 1 de maio, Sónia comunicou com eles por e-mail, por onde lhes enviava fotografias dos trabalhos escolares da filha.

Ainda segundo o mesmo programa, a ultima vez que Sónia terá falado com a menina terá sido a 3 de maio, no dia da mãe. Sandro e Márcia estão em prisão preventiva. Esta sexta-feira, o pai de Valentina foi hospitalizado depois de uma tentativa de suicídio, tendo recebido alta horas depois. Está atualmente internado na ala psiquiátrica do estabelecimento prisional de Caxias.

 

Texto: Marta Amorim e Raquel Costa

 

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