“Temos de perceber os sinais”: Manuel Arouca desabafa sobre “nega” que levou na TVI

No início da pandemia, Manuel Arouca apresentou uma novela à TVI, mas o projeto não recebeu luz verde.

28 Ago 2022 | 9:00
-A +A

Autor de êxitos novelescos como “Jardins Proibidos”, Manuel Arouca não escreve nada para televisão desde a minissérie Jacinta, que chegou aos ecrãs da TVI em 2017. Contactado pela TV 7 Dias, o argumentista mostra-se pragmático e confiante no futuro: “Coisas boas vão acontecer. A esperança é a última a morrer. Tenho estado a fazer trabalhos mais institucionais e na base do documentário. Não é trabalho em televisão, que é mais visível e mais rentável.”

No que concerne ao pequeno ecrã, o guionista revela que, de há cinco anos para cá, apresentou “algumas propostas” mas que “os projetos não avançaram”. “Não vale a pena chorar sobre leite derramado”, desdramatiza, continuando: “Até ao princípio da pandemia, apresentei projetos. Com um ou outro, houve um primeiro interesse, mas depois as coisas não se desenvolveram. Um foi com a TVI. Nestas coisas, temos de aceitar e seguir em frente.”

Em relação a este projeto, Manuel Arouca concretiza, dizendo ter-se tratado de “uma novela”. “O projeto estava relacionado com a pandemia. Era uma grande história de amor que tinha uma leitura social e dos tempos que estamos a viver. Na altura, era muito difícil avançar por outras razões. Depois, também perdeu a atualidade. Naquele momento, eles não tinham capacidade de desenvolver novas novelas. Já estavam comprometidos”, avança.

A última novela que assinou para a TVI foi Jardins Proibidos, entre 2014 e 2015. “Na TVI, comecei com Jardins Proibidos e parece que acabei com Jardins Proibidos. Tem a sua graça”, ri-se, lembrando, depois, a sequela: “Foi duro. No início, não estava a correr bem. Teve os seus problemas, mas depois houve um esforço conjunto muito grande e deu-se a volta. Acabou com resultados muito bons e com 300 e tal episódios. Nunca tinha tido uma novela tão grande.”

O autor diz-se “pronto” para voltar à televisão. Mas deixa um senão: “Na vida, é preciso também os outros quererem. Temos de perceber os sinais… Mas eu estou aqui. Um pouco esquecido, mas estou.” Isto é algo que não o magoa, garante. “Tem de se lidar… Veja-se o caso do Tozé Martinho [N.R.: não escrevia novelas há oito anos quando, em 2020, morreu], que também foi um fim difícil. Há projetos com muitas possibilidades. Acredito muito no chamado renascer. Tenho essa fé e a fé também me tem ajudado, é um facto. Às vezes, se não fosse a fé, desmoronava. Mas não. Estou aqui”, salienta.
Manuel Arouca diz que “nada é improvável”, mas acredita que o seu caminho não é pelas novelas. “Estou mais virado para séries e documentários”, afiança.

Texto: Dúlio Silva (dulio.silva@worldimpalanet.com); Fotos: Arquivo Impala

PUB