Simone de Oliveira: «o público não merecia ver-me coxear»

Depois do revelar afastamento dos palcos devido a problema de saúde, Simone de Oliveira confessa a Júlia Pinheiro que preferiu parar a defraudar o público.

09 Nov 2018 | 18:46
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Um dia depois de revelar ao país que vai ser submetida a uma intervenção cirúrgica à anca, Simone de Oliveira conversou com Júlia Pinheiro sobre este problema de saúde que a obrigou a afastar-se dos palcos.

 

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«Tenho de fazer uma prótese à anca. Não era previsível, mas tenho uma artrose que foi tomando conta do fémur e não me deixa ter agilidade», explica. Simone de Oliveira é breve e sucinta em relação a este assunto. «O público não merecia ver-me coxear e como detesto aquela coisa do ‘ai coitadinha’ decidi cancelar.»

A operação ainda não tem data marcada, mas a cantora diz que «está para breve».

Simone de Oliveira afirmou estar «bem disposta» e fez um pedido ao público. «Quando eu partir façam o favor de cantar o tema de abertura do musical.»

 

«A Amália era uma vedeta. Tinha tudo de bom e de mau»

 

Com 80 anos de vida e 60 de carreira, Simone de Oliveira recordou a vida nos palcos e em casa, com os amigos e o «amor de uma vida», Varela da Silva. A cantora esteve esta sexta-feira no programa de Júlia Pinheiro, onde partilhou alguns momentos que a marcaram.

«Parabéns. Toda a gente fala da música portuguesa. A sua voz representa Portugal e o melhor da nossa música.»

Estas foram as palavras escritas numa carta que Amália Rodrigues enviou a Simone de Oliveira. A cantora recorda a amizade de longa data que teve com a fadista. Simone relembra que Amália era «uma mulher difícil, que nem sempre reconhecia o talento».

Tinham uma amizade forte, com tudo o que isso implica. «A Amália era uma vedeta. Tinha tudo de bom e de mau», afirma.

O caminho de Simone de Oliveira não podia deixar de ser recordado sem se nomear o nome Varela da Silva. «É e sempre será o amor da minha vida».

A cantora falou emocionada do encenador português com quem foi casada. «O Varela não era homem de dizer ‘a minha mulher’ e eu ‘o meu marido’. Também nunca demos os braços.» Sempre foram discretos ao longo da relação: «Trabalhámos dois anos no Teatro Nacional, e eu nunca fui ao camarim dele e ele também nunca foi ao meu. Aquele era o local de trabalho».

Com a morte de Varela da Silva, a cantora revela que foi e é muito difícil saber viver com a ausência dele. «O fim não foi fácil. Ainda há a cadeira do Varela em casa».

Simone de Oliveira afirma que apenas se mentalizou da morte do marido, quando se apercebeu que «não havia mais chave a bater na porta de casa». «Nesse dia, chorei tanto», diz emocionada. Chorou sempre sozinha, e ainda hoje, quando se sente «à nora» na vida, fala sempre com ele «lá em cima».

 

Texto: Jéssica dos Santos – Redação WIN – Conteúdos Digitais | Fotos: Arquivo Impala
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