Ruy de Carvalho regressa ao trabalho após operação: “Um ator parado é um ator morto”

Ruy de Carvalho volta a subir aos palcos a 29 de outubro, com a peça A Ratoeira, depois de ter sido substituído à última hora devido a uma hérnia discal, que o levou a ser operado à coluna.

22 Out 2020 | 12:32
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Ruy de Carvalho foi o convidado desta quinta-feira, 22 de outubro, de Manuel Luís Goucha no “Você na TV” e falou sobre o problema de saúde que o deixou “completamente paralítico” e com “dores horríveis”, levando-o a ter que ser operado à coluna, aos 93 anos.

O ator, que regressa ao teatro à peça “A Ratoeira” já no dia 29 de outubro, – depois de ter sido substituído à última hora por Virgílio Castelo devido a uma hérnia discal -, surgiu em estúdio apoiado por uma bengala, espelhando ainda a sua dificuldade em andar.

“O médico aconselhou-me a que eu realmente usasse a bengala porque era melhor para me amparar porque pode haver uns desequilíbrios, como acontece na vida normalmente”, começou por dizer.

 

“Eu quero morrer na altura própria”

Ruy confessou ter sentido “dores horríveis” e que, ao mínimo movimento, “dava um grito porque o nervo estava preso”. “Eu não conseguia levantar-me, andar, estava completamente paralítico e um ator parado é um ator morto e eu não quero ser morto. Eu quero morrer na altura própria”, confidencia.

Questionado por Manuel Luís Goucha sobre se é por essa razão que quer continuar a trabalhar, o ator respondeu, sem dúvidas: “Sempre. Sou feliz trabalhando. Eu não sou ator por causa da minha montra, eu não sou ator de montra, eu sou ator de trabalho, de bengala. Acho que é essa a missão de um ator, fazer um serviço ao público, com a melhor qualidade possível.”

De regresso aos palcos ainda este mês, o ator referiu ser “um prazer enorme” fazer parte da peça, – que conta com um elenco composto por Virgílio Castelo, Elsa Galvão, Henrique de Carvalho, Ângelo Rodrigues, entre outros – em cena no Teatro Armando Cortez, em Lisboa, e fez uma confissão: “Não quero prejudicar o trabalho dos meus colegas”, referindo-se à recuperação que ainda está em curso, um mês depois da operação à coluna.

Sobre não existir uma idade para se terminar um percurso artístico, Ruy de Carvalho diz que “a idade não conta” e que sente que tem 18 anos. “Esses 18 anos obrigam-me, às vezes, a ter força”, refere.

Por último, o ator de 93 anos falou ainda sobre a cultura e a necessidade de prestar mais atenção a esta área, “tão abandonada em Portugal e tão pouco protegida como deve ser”.

“Toda a gente que trabalha na cultura é da minha família. Uma cultura que é tão abandona em Portugal e tão pouco protegida como deve ser. E um povo que não tem uma boa arca da cultura é um povo pobre. E é levado à certa, é levada em rebanho. De vez em quando nós vemos o povo em Portugal levado em rebanho e eu faz-me uma grande aflição”, afirma, deixando “um cumprimento à Ministra da Cultura, a ver se ela acorda para a vida”.

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