Rebeca confessa em entrevista: «A quimioterapia secou-me tudo, até as lágrimas»

Em entrevista ao programa «Alta Definição», da SIC, a cantora abre o seu coração e revela pormenores da doença e da vida pessoal.

05 Mai 2018 | 16:22
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«A vida começa todos os dias. Todos os dias a minha vida começa a sorrir, a olhar para o meu filho…». Foi assim que Rebeca começou na entrevista que deu a Daniel Oliveira, no programa «Alta Definição», da SIC. No ano passado, em 2017, a cantora portuguesa, de 39 anos de idade, descobriu que tinha um cancro na mama, exatamente oito anos depois de ter vencido um cancro na tiróide.

Uma mulher de força, com imensa vontade de viver, e quase a celebrar 20 anos de carreira como cantora, Rebeca garante que ainda tem «muito para dar» e que «fazia tudo de novo». Foi com 12 anos que subiu ao palco pela primeira vez, e foi no ano seguinte que entrou no Conservatório por vontade própria. Foram seis anos de estudo diário com o objetivo de vir a ser professora de piano. Hoje em dia, para além de cantora é, também, professora de música e revelou em entrevista que dar aulas é das coisas que mais sente falta na sua vida. O cancro fê-la parar, por um período de tempo, de dar aulas e Rebeca tem «saudades».

O maior sucesso da cantora foi com a música «O meu nome é Rebeca» lançado em 2013. Quatro anos depois, a vida da cantora mudou por completo e foram cinco meses a sofrer sem que ninguém soubesse. Apenas os pais de Rebeca e os mais chegados sabiam da doença. «Em janeiro decidi publicar porque estava cansada», desabafou. «Daniel, eu sugava tudo o que fosse cancro de mama na Internet», contou.

Ao filho Rubim, de 11 anos de idade, Rebeca contou por telefone que tinha um cancro. «Não tive coragem de o enfrentar. Ele entrou em pânico deixei de o conhecer. Era raiva. Não foi fácil», revelou. O cancro era muito agressivo e, segundo a cantora, a sua «sorte» foi o cancro ter um centímetro e meio e ter sido descoberto a tempo. «É difícil engolir que tens esta doença, mas vais-te habituando a viver assim, se não mais vale morrer já», confessou.

«A quimioterapia secou-me tudo, até as lágrimas»

Calma e serena, a cantora abriu o coração durante a entrevista e revelou pormenores da doença e de como lidou com ela. «Dói na alma, à noite, às três horas da manhã dói muito na alma. Quando o sol começa abrir é mais um dia e aí o sorriso aparece», contou sorridente.

Rebeca revelou a Daniel Oliveira e a todos os portugueses que a ouviram durante a entrevista que chegou a uma altura que «nunca mais» chorou. «A quimioterapia secou-me tudo, até as lágrimas», garantiu.

Na entrevista, revelou-se a cara de «todas as mulheres que estão com cancro na mama», mostrou-se forte nesta luta, e até contou que já anda muitas vezes «sem peruca» em casa, mas é difícil e «nem tudo são rosas». Rebeca revelou uma série de «problemas» que existem «numa só pessoa» durante todo o processo. «Os tratamentos, as quimioterapias dolorosas, o perder o cabelo, a mama (eu não perdi, mas muitas mulheres perdem), os maridos que nem sempre aguentam e se fecham, e o medo de morrer», disse.

No vídeo em que aparece a rapar o cabelo, Rebeca emocionou-se ao falar desse episódio. Estava toda a família presente, todos quiseram estar ao lado da cantora, mas o pai não foi «capaz» de ver o cabelo da filha «a cair no chão». «A minha maior preocupação era o meu filho e decidi levá-lo comigo a cortar o cabelo. Ele foi», contou.

«Um dos sonhos por cumprir? Ver o meu filho casar!»

São 11 anos de vida e algumas preocupações com as quais nem todas as crianças conseguem lidar. Rubim, filho de Rebeca não quer deixar a mãe ir embora e precisa dela ao seu lado. «Neste momento, ele dorme ao meu lado e adormece de mão dada comigo», confessou. Segundo Rebeca, a criança não é «como as outras» que só querem brincar, e esse chega a ser o maior medo da cantora. «Às vezes tenho medo de ser responsável por ele ser tão adulto e estar a perder a infância», revelou.

O maior sonho da cantora é ver o filho casar. «Todos os dias diz que me ama e é tão bom», contou sorridente.

Foi em 2009, quando teve o primeiro cancro, que sentiu a «rejeição» do filho. «Ele teve medo quando viu a mãe entubada no hospital. E já não me queria a mim, queria a avô», contou.

«Os meus olhos dizem que quero viver»

Élio Gomes, marido da cantora e o seu maior pilar, esteve ao lado dela desde o primeiro dia. «Está sempre no sítio certo e não faltou a nenhuma quimioterapia», disse. Rebeca sente-se acompanhada com o companheiro e chegou a revelar que ele é um «grande homem», está sempre com ela.

Rebeca gosta da mulher que é hoje em dia e foi o cancro que a ensinou que a vida «são dois dias» e que há coisas às quais deixamos de dar importância. «Deixas de dar importância a quem passou à tua frente na fila do supermercado, a quem te apita no carro. Eu não quero saber. Se não chegar às seis, chego às oito. Quero é lá chegar», revelou despreocupada.

«Os meus olhos dizem que querem viver», terminou.

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