“Noite de apalpões e de abuso”. Escândalo sexual ofusca Festival da Eurovisão 2022

Várias voluntárias do Festival Eurovisão da Canção 2020 queixam-se que foram vítimas de assédio sexual na festa de boas-vindas aos artistas. Leia os relatos.

14 Mai 2022 | 21:30
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O Festival Eurovisão da Canção 2022 está envolvido num escândalo sexual e a notícia está a ter eco na imprensa internacional. Várias voluntárias do certame alegam terem sido assediadas durante a festa de boas-vindas aos artistas, que decorreu no domingo passado, dia 8 de maio, no Palácio de Venaria, em Turim, Itália.

O jornal italiano Corriere Torino publica o relato de de algumas alegadas vítimas. Francesca conta que estava a dançar quando um grupo de bailarinos “estrangeiros” se aproximou dela e que, de repente, começou “a sentir as mãos deles” no rabo. A jovem contou ainda à mesma publicação que viu “uma voluntária afastar um artista que tentou beijá-la”.

Paola, nome fictício de outra jovem que trabalhava no evento, relata um episódio semelhante. Diz que vários dançarinos a abraçaram várias vezes e que um deles colocou a mão na sua cintura e que a tentou beijar. “Senti-me impotente, quis fugir, mas não consegui”, disse, acrescentando que “outro tentou fazer o mesmo”. Para Paola, estar a trabalhar na organização do Festival da Eurovisão deveria ter sido “maravilhoso”, mas transformou-se “numa noite de apalpões e de abuso”.

De acordo com o Corriere Torino, houve mais casos de assédio neste evento da Eurovisão, mas as vítimas não quiseram fazer queixa à polícia para não “causar problemas” e uma delas terá dito: “Se estivesse numa discoteca, eu teria dado um estalo”.

Acusações de assédio na Eurovisão estão a gerar polémica

A Câmara Municipal de Turim já veio a público comentar o caso e revelou que está a decorrer uma investigação. Porém, há quem tenha dúvidas que estes comportamentos abusivos aconteceram de facto. “Posso garantir que estive na festa o tempo todo e isso não aconteceu. É uma pena que alguém queira manchar aquele que foi um evento incrível”, afirmou Alessandra Aires, responsável da autarquia pela gestão dos voluntários da Eurovisão, ao jornal britânico Daily Mail, sublinhando que, se se tivesse apercebido de algo fora do normal, “teria interrompido o evento”.

Esta posição está a ser alvo de polémica e o grupo italiano Non Una Di Meno, de defesa dos direitos das mulheres, já reagiu ao facto de as acusações de assédio na Eurovisão estarem a ser desvalorizadas ou até desacreditadas. “Como sempre, as vozes das mulheres que sofreram violência são silenciadas e os seus relatos são desacreditados. O assédio não é um jogo e não somos brinquedos”.

A final do Festival Eurovisão da Canção é já este domingo, 15 de maio, e conta com a participação da portuguesa Maro.

Texto: Patrícia Correia Branco; Fotos: Instagram Eurovisão e Reprodução redes sociais
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