Com um novo projeto em mãos, Catarina Wallenstein disse adeus aos cabelos compridos e renovou o visual. A atriz, de 34 anos, revelou que se sente confortável com a sugestão da produção para desempenhar o papel desta personagem que vai ajudar a desvendar o crime que irá agarrar os telespectadores à série da RTP1 “Causa Própria”.

“Custa-me muito mais fazer de bonita e de Barbie. Custa-me mais a demanda da mulher ter que estar impecável e ter que vestir isto ou aquilo, ou ter que ter certas medidas ou comportamentos. É exigido ainda da mulher e da atriz um corpo estético, e isso é muito redutor. O nosso trabalho é muito mais do que isso. É um papel que traz os elementos para as pessoas seguirem a história e que, de alguma maneira, pode contribuir para quebrar algum preconceito, porque é uma personagem que é bem colocada, que tem um bom emprego. Acho que é a forma mais fixe de se ir sendo ativista, ou seja, ir falando das coisas sem ser só esse o assunto”, explica a atriz

E acrescenta: “A proposta deste look é justamente a normalização, ou seja, não é um assunto. É uma pessoa com um look, que tem um trabalho e faz o que tem a fazer. Temos mensagens próprias nas entrelinhas, nem tudo tem de ser: é uma série sobre o preconceito. Não é.”

Com o alívio das medidas de confinamento e com novos projetos a surgir, Catarina Wallenstein não esconde que o isolamento social lhe trouxe alguma insatisfação. “Entrei num certo tipo de resignação. O meio está terrível, as pessoas estão afilas e a luta, a raiva e a revolta é um sítio que cansa muito, de maneira que este segundo confinamento foi muito mais duro, mais ansioso. Mas, estar à espera que a vida volte exatamente a ser o que era, acho que é uma ilusão. Estou a tentar adaptar-me com esperança e um olhar positivo. Graças a Deus que está a acontecer trabalho agora, porque não era suportável continuar assim por muito tempo.”

Apesar da crise que o sector da cultura atravessou e ainda atravessa por conta da pandemia provocada pelo novo coronavírus, a atriz reforça que nunca deixou de trabalhar. “Faço algumas locuções e nunca estive completamente desamparada. Não me posso queixar. Filmei o ‘Salgueiro Maia’ no ano passado, foi um papel pequenino, a seguir ao primeiro confinamento, e agora isto. Portanto, esta foi a ficção que fiz. Tenho-me assegurado com locuções e com projetos próprios, a escrever”, adianta, lamentando o tempo que esteva afastada dos palcos e das grandes produções.

“As pessoas reagem de formas muito diferentes, e eu fico um pouco apática. É uma bola de neve que não é nada boa, porque perco um pouco a força. No primeiro confinamento, tive força para inventar coisas, ou de me tornar útil em casa, fazer recolhas de vestuário para entregar nos centros de pessoas sem abrigo… este ano, perdi vontade para fazer o básico”, diz Catarina Wallenstein.

 

Texto: Telma Santos (telma.santos@impala.pt); Fotos: Arquivo Impala e Divulgação RTP

 

(artigo originalmente publicado na edição nº 1788 da TV 7 Dias)