Luís Osório foi o convidado de Manuel Luís Goucha no programa “Conta-me”, da TVI, deste sábado, 4 de setembro. O escritor falou sobre vários assuntos, entre os quais a homossexualidade do pai, José Manuel Osório, que morreu em 2011.
“O meu pai era uma figura admirável. Figura de uma força enorme. Foi provavelmente o primeiro homossexual a ser aceite no Partido Comunista, ainda antes do Ary dos Santos. Era alguém que sempre se afirmou corajosamente”, começa por dizer.
Em 1985, José Manuel Osório foi diagnosticado com sida. “Ele decide encarar essa batalha como uma batalha de vida. Foi vencendo ao lado de outros doentes. Ele estava nos hospitais, ia e ajudava as pessoas. Quando ele começou a ser uma figura pública, por isso, não como músico, como militante político… mas como militante de uma causa. As pessoas não têm noção o que era assumir a homossexualidade há 40 anos”, comenta.
Luís Osório: “Não me fez confusão”
“Fez-te confusão a homossexualidade dele?”, pergunta-lhe o apresentador do formato da estação de Queluz de Baixo. “Não me fez confusão. Fui criado por duas tias homossexuais”, responde-lhe, revelando que a tia, Cristina, que também já partiu, era a irmã mais velha do pai. “Fui criado pela Cristina e pela Teresa e foi, até hoje, o casal que eu conheci mais emblemático de uma ideia de perfeição de uma relação”, defende.
Luís Osório acaba por recordar que “com 11 ou 12 anos” pensou: “Será que eu serei homossexual?”. Manuel Luís Goucha quis saber o porquê de esse pensamento lhe ter surgido. “Coloquei essa dúvida pela naturalidade. Era normal que eu achasse e projetasse que eu seria. Mas não sou, sou heterossexual. Quando ficou completamente certo para ele [pai] que eu não era homossexual, agarrou-me na mão e disse: ‘Não sabes o que perdes'”, remata.
Texto: Ivan Silva; Fotos: divulgação TVI e arquivo Impala
