Ljubomir Stanisic ‘obriga’ médicos a darem-lhe alta para voltar à greve de fome

Ljubomir Stanisic foi levado para o hospital esta quarta-feira, mas assinou um termo de responsabilidade para ter alta. O chef juntou-se de novo aos amigos para continuar a greve de fome.

03 Dez 2020 | 11:40
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Ljubomir Stanisic, que está em greve de fome há sete dias, foi levado para o hospital ao início da noite desta quarta-feira, mas saiu da unidade hospitalar contra a vontade dos médico. Duas horas depois, já estava novamente em frente à Assembleia da República para continuar a luta do movimento “A Pão e Água”, conforme a TV 7 Dias testemunhou.

O chef falou esta manhã à SIC Notícias e revelou que abandonou o hospital antes de conhecer o resultado dos exames que lhe foram feitos. “Assinei o papel e voltei antes de o resultado das análises sair”, disse, explicando depois o que aconteceu: “Tive uma quebra, o que é completamente normal depois de seis dias de greve de fome, sem ingerir uma única grama de açucar, nem meter nada no organismo”, explicou ao mesmo órgão de comunicação.

O alerta foi dado durante a tarde de ontem, quando Ljubomir tropeçou e teve dificuldade em levantar-se. “Eu achava que estava a sentir-me bem. Mediram-me os níveis de glicémia e estavam, de facto, muito baixos. Tinha dores no peito. Vieram dois médicos e levaram-me para o hospital”, prosseguiu.

“Irritei-me”, disse Ljubomir

As análises confirmaram o diagnóstico inicial: índices muito baixos de glicémia. “O coração estava bem. Apenas com as batidas um pouco exageradas por causa do stress. Temos recebido negas e eu irritei-me”, referiu ainda, lamentando não terem sido, até agora, recebidos pelo Governo.

Recorde-se que Ljubomir StanisicJosé Gouveia e João Sotto Mayor são os rostos mais visíveis do Movimento A Pão e Água, que pede ajuda para lidar com a crise instalada nos setores da restauração, hotelaria, comércio e cultura por causa da pandemia da covid-19. Reclamam não só a falta de apoio do Governo a estas áreas, como as medidas de restrição aplicadas, que põem em causa a sobrevivência dos negócios.

Este precalço não atrapalhou, porém, a motivação do chef jugoslavo: “Claro que estou com forças para continuar. Estou firme e hirto”.

“O mundo está a ver”

Ao final da manhã desta quinta-feira, Ljubomir Stanisic agradeceu nas redes sociais o apoio que tem recebido. “Obrigado! Muito obrigado pela vossa preocupação. Estou bem. Continuo à porta da Assembleia e no protesto”, começou por escrever.

“Neste momento em que entramos no nosso sétimo dia de greve de fome, é o vosso apoio, a solidariedade, a união, que nos alimenta a alma e nos dá forças para avançar. Sim, o corpo pode estar cada vez mais abalado, mas a convicção fica mais forte a cada dia que passa. A convicção de que estamos a lutar pelo lado certo. A convicção de que um grupo de empresários, de cidadãos, pode e merece ser ouvido por quem supostamente nos representa, por aqueles que escolhemos para comandar os destinos do nosso país. Um país que se orgulha da sua hospitalidade, da sua solidariedade para com o próximo, mas que ignora as nove pessoas que passam fome à porta do símbolo maior da democracia portuguesa. O mundo está a ver. E não vai esquecer. A luta continua!”, escreveu ainda.

 

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Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: Reprodução SIC Notícias e Impala
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