Ljubomir perde a esperança: «o José não vai aproveitar esta oportunidade»

No Miquipal, Ljubomir Stanisic encontrou peixe e mariscos podres, pessoal desmotivado e, pior do que tudo, um proprietário allheado da realidade.

08 Out 2018 | 0:04
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O Miquipal, o quarto restaurante visitado por Ljubomir Stanisic na segunda temporada de Pesadelo na Cozinha, deixou de ser uma marisqueira. depois da passagem do furacão Stanisic, o restaurante da Parede é, agora, uma casa que serve hamburgueres e outras refeições modernas.

No entanto, no final do episódio deste domingo, o chef sérvio admite: «tenho quase a certeza que o José não vai aproveitar esta oportunidade».

Problemas financeiros e comida podre

José Beites, um «proprietário desesperado» e atolado em problemas financeiros,  descreve que trabalhar no ramo da restauração sempre foi «um sonho», que concretizou ao fim de 20 anos. O dono do Miquipal diz que os seus produtos «têm qualidade» mas não é isso que se verifica ao longo do episódio.

É a filha, Maria Elisabete, quem tem ajudado o pai a resolver as questões financeiras. «Não havia dinheiro, não havia liquidez nenhuma», reconhece.

A localização do Miquipal, numa zona residencial da Parece, Cascais, deixa o chef Ljubomir Stanisic mal impressionado.

«É aqui? Foda-se!», diz, acrescentando: «marisqueira numa zona urbana?» e critica os preços. O início da refeição não podia ter começado pior, com o empregado de mesa a esquecer-se de tirar a película do prato das entradas.

Recorde: Fomos ao Adiafa, restaurante de Pesadelo na Cozinha

O chef pede uma paella, sopa de peixe, lascas de batata, creme de marisco, chateaubriand e perceves. Ljubomir rejeita os boquerones por estarem secos e também os perceves por estarem podres. «O perceves não pode cheirar a lixívia ou amoníaco. Ia começar a refeição a cagar-me todo», explica.

Chegam as lascas de batata, que estão «oleosas».  É a vez da mariscada. Ljubomir queixa-se do cheiro do marisco, que diz que cheira a «casa de banho pública acabada de lavar». «Esta porra é tudo menos fresca», queixa-se o chef.

A imagem chocante da cauda de uma lagosta completamente podre indica que Ljubomir tem razão. «Não está estragada mas já tem dois ou três dias de frigorífico», justifica José Beites. Ljubomir pede cogumelos com gambas.

«Às vezes, apetece-me levantar da mesa e mandar cabeçadas, caralho!», diz Ljubomir, furioso. Chega o chateubriand e Ljubomir pede flor de sal. Dão-lhe sal fino. 

«Fénico, lixívia e película aderente são os 3 sabores que levo na boca», vaticina Ljubomir, ao abandonar o Miquipal.

«Se servisses isto ao meu filho, cortava-te a pila!»

À noite, Ljubomir volta à noite para inspeccionar a cozinha. E começa a ficar exasperado com a inércia de José Beites.

«As pessoas pagam para comer e você dá-lhes esse veneno?», questiona, com lulas podres na mão. Os frescos, como descobre Ljubomir, são todos congelados.

Ao abrir uma cataplana, o chef perde a compostura e, depois de pergunta a José Beites se a cataplana está boa, ameaça. «Se servisses isto ao meu filho, cortava-te a pila e deixava-te a sangrar. Juro-te pela saúde dos meus filhos».

Os erros sanitários e o desperdício levam Ljubomir ao desespero. «Estou a conter-me para ser um porreiro. E não me apetece ser um porreiro»

«Neste momento, não sei o que estou a fazer», confessa José Beites. Ljubomir pede a José Beites para pensar e vai-se embora.

«Só tenho duas palavras a dizer: foda-se. Mas como não posso dizer, digo «vou dormir».

«Sou o grande causador da minha casa estar assim», admite José.

 

«Tu não tens noção de nada!»

No dia seguinte, Ljubomir pergunta a José se aceita a ajuda. E diz-lhe que ele não percebe muito de cozinha. «Você não leu nada sobre marisco. Deixou-se andar».

O chef bósnio diz que José Beites não o está a ouvir e que esse é o motivo dos problemas. «Tu não tens noção de nada!», diz Ljubomir.

Depois do confronto, mãos à obra. Adeus, ementa do Miquipal, olá base de todas as cozinhas. Os caldos.

Massada de peixe, bife com cogumelos e secretos de porco com migas de chouriço são os novos pratos. Ljubomir explica que as cascas de vegetais, incluindo a cebola, servem para fazer caldo.

Ljubomir volta a perder a cabeça quando José não cheira os produtos. O marisco que estava na montra estava todo estragado.

«Não percebo assim tanto de marisco», admite José Beites.

Do peixe aos refogados, passando pelo pão, Ljubomir explica como é que a comida o vai ajudar a pagar as contas.  E vai brincando com Laura, a única pessoa na cozinha em quem deposita esperanças.

«Só custa ao início, é igual ao sexo. Depois, é só prazer», explica Ljubomir a Laura, quando lhe ensina a saltear cogumelos.

Chega a vez de limpar a cozinha e a sala. «A falha maior é não ter humildade para ouvir as coisas», explica João, o empregado de mesa.

Ljubomir diz que Laura tem «um valor do caraças» e diz-lhe que lhe dá trabalho.

Ao longo do programa, Ljubomir quer que José Beites acorde. Mas este parece estar dormente.

O novo Miquipal: soam os alarmes!

 

Três dias depois, Ljubomir e José Beites reencontram-se. «Foi uma abertura de olhos», admite o dono do Miquipal. O chef bósnio leva José à cozinha de produção do 100 Maneiras, onde se fazem as bases e caldos dos restaurantes.

Ljubomir leva Laura a conhecer o 100 Maneiras.  «Andei a provar todas as coisas, foi bom», admite a cozinheira.

O restaurante é renovado e é preparada a inauguração com ações de marketing.

Pesadelo na Cozinha transformou o Miquipal num restaurante… sem marisco. Há uma nova ementa, com hamburgueres, massada de peixe, croquetes de alheira, cascas de batata, posta de corvina. Há chás e smoothies em vez de vinhos.

Quando as coisas parecem estar a encaminhar-se, José parece continuar dormente e Laura esquece-se de papel e caneta. Quando já há clientes no restaurante, o alarme dispara.

«Está farto de me chatear a cabeça», desabafa José Beites. «Se tu não queres mudar, deixa-me primeiro ir embora», atira Ljubomir.

Os empregados misturam pratos sujos com comida prestes a sair da cozinha.

Ljubomir avisa José para secar os hamburgueres antes de os grelhas mas o dono do Miquipal não ouve. O alarme dispara outra vez.

No final, José Beites admite que estava errado. «Esqueça que eu vendi perceves alguma vez!», reconhece.

«Tudo o que fizeste até hoje tens de apagar», avisa Ljubomir. «A cozinha é uma coisa maravilhosa».

No final do quarto episódio de Pesadelo na Cozinha, Ljubomir deixa o seu veredicto sem esperança. «Tenho quase a certeza que o José não vai aproveitar esta oportunidade»

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