Lena d’Água fala sobre os concertos cancelados e o passado de violência e drogas

Lena d’Água assume que voltou a enfrentar dificuldades financeiras, após o cancelamento de 20 concertos graças à pandemia da Covid-19.

21 Ago 2020 | 8:10
Lena d'agua
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Lena d’Água faz parte do leque de artistas que vive grandes dificuldades financeiras por conta dos espetáculos que foram cancelados graças à pandemia da Covid-19. Artista admite que vive «com a ajuda de amigos». «Neste ano ainda não fiz um concerto», lamenta, em entrevista ao Diário de Notícias, explicando que 2020 tinha tudo para ser um ano cheio de espetáculos, não fosse a Covid-19. Após anos de sufoco que a obrigaram a pedir ajuda publicamente, Lena d’Água tinha recuperado a agenda de concertos, mas o novo coronavírus estragou os planos.

«Este ano iria correr bem, não íamos ter os 60 concertos do Toni Carreira, mas ia dar para tirar do sufoco uma data de gente, somos 14. Teríamos uns 20 concertos, o que é muito bom para música que não é romântica ou fado. Tudo cancelado», refere, lamentando a falta de apoios públicos para uma das classes profissionais mais afetadas pela Covid-19.  «Chegou uma bolacha da GDA [fundação de apoio aos artistas], de resto, mais nada».

Agora, Lena D’Água espera ansiosamente por setembro, mês que tem duas confirmações, uma delas a Festa do Avante. «Queremos tocar, precisamos de trabalhar, ganhar dinheiro».

 

A violência doméstica e o vício da droga 

Ainda na mesma entrevista, Lena d’Água recorda o percurso no mundo da música e os altos e baixos da sua vida, nomeadamente o facto de ter sido vítima de violência doméstica e ter recorrido a desintoxicações para se livrar do vício da droga [heroína]. «Tinha 33 anos e tinha perdido um amigo por causa das drogas. Achei que já era crescida e que podia experimentar. Não se deve, ainda por cima, com um namorado. Quando é uma pessoa, é difícil, quando são duas, é muitíssimo difícil.  […] Comecei a consumir em 1989 e fiz duas desintoxicações, em 1997 e 1998. […] É talvez a única coisa de que me arrependo, foi ter experimentado aquilo.» 

«Houve um concerto em que pensei que não ia conseguir acabar. Foi a única vez em que estive em palco quase a desmaiar, por falta da droga – quando tens consegues fazer as coisas, quando não tens é pior, é terrível».

Lena D’Água frisa deixou de consumir porque estava «farta, cansada» e porque não queria morrer. «Decidi não acabar como a Billie Holiday e a Elis Regina, elas não conseguiram sair e morreram, novas».

Recorde-se que a artista, de 64 anos, já tinha confessado, em entrevista a Júlia Pinheiro, ter tido uma vida difícil, em que foi vítima de violência doméstica e enfrentou dificuldades económicas. «Aconteceu três vezes, com três pessoas diferentes», contou à apresentadora da SIC. «Sempre fui muito independente e os homens têm dificuldade em lidar com isso». «Ando aflita de cobres desde os anos 90. Ando há 20 anos à rasca».

Desde 2007, que Lena d’Água trocou Lisboa pelo campo, no Bombarral.

Texto: Ricardina Batista; Fotos: Impala

 

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