Grevistas desafiaram assessores de Marcelo: “Dissemos que tínhamos COVID-19” (EXCLUSIVO)

Na passada sexta-feira, os grevistas do movimento “Sobreviver a Pão e Água” foi recebido na Casa da Presidência. E os empresários desafiaram os assessores de Marcelo Rebelo de Sousa.

03 Dez 2020 | 21:00
-A +A

Nome empresários do movimento “Sobreviver a Pão e Água” estão em greve de fome, em frente à Assembleia da República, em Lisboa, há sete dias. Em declarações à TV 7 Dias, José Gouveia, que encabeça o manifesto ao lado de nomes como Ljubomir Stanisic e João Sotto Mayor, revelou novos detalhes sobre o dia em que foram recebidos por assessores do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e não pelo próprio chefe de Estado, como esperavam.

“Quando entrámos na Casa da Presidência, íamos de máscara. Ao contrário do que acontece na maioria dos estabelecimentos, nomeadamente da restauração, não nos foi medida a temperatura, não nos foi pedido para desinfetar as mãos”, alega o empresário.

José Gouveia diz ainda que, quando os representantes do movimento “Sobreviver a Pão e Água” entregaram o Cartão do Cidadão para serem identificados, este “não foi desinfetado, nem na entrega nem na devolução”. “Deram-nos um cartão de lapela que também não estava devidamente desinfetado”, acrescenta.

O empresário não tem dúvidas: “Quando entrámos na Casa da Presidência, não houve quaisquer medidas” de prevenção contra a COVID-19. E os empresários acabaram por desafiar quem os recebeu na residência oficial de Marcelo Rebelo de Sousa: “Acabámos por fazer uma pequena graça perante os assessores que foi tirar a máscara e dizer que tínhamos COVID-19 e o que é que eles iam fazer.”

“De facto, é incrível que, no espaço que alberga a pessoa máxima do Estado, não são tomadas quaisquer medidas de segurança, que são obrigatoriamente tomadas nos vários estabelecimentos”, critica.

 

Ljubomir Stanisic e outro empresário sentiram-se mal

 

Da reunião na Presidência da República, ocorrida na passada sexta-feira, “não resultou nada”, disseram, na altura, à TV 7 Dias. “O Presidente não apareceu. Os assessores disseram-lhes que iam passar-lhe a mensagem”, lamentou uma fonte próxima do movimento “Sobreviver a Pão e Água”.

Na sequência disso, nove empresários iniciaram, ainda no mesmo dia, uma greve de fome. Instalados no acesso à escadaria da Assembleia da República, dois deles já tiveram de ser assistidos pelo INEM. O primeiro a sentir-se mal, esta quarta-feira, foi Ljubomir Stanisic. “Ele estava desidratado, com os olhos vermelhos, palpitações no peito e com uma quebra nos níveis de glicemia”, relatou uma fonte presente no local à TV 7 Dias. O chef chegou a ser transportado para um hospital, tendo regressado ao manifesto depois de ter assinado um termo de responsabilidade.

Já no decorrer desta quinta-feira, Christopher José também se sentiu mal. O jovem, de 25 anos, é proprietário de um bar académico em Tomar que foi obrigado a fechar por causa das restrições impostas pelo Governo. Curiosamente, este foi o último a juntar-se ao grupo. “Já era para vir na sexta-feira, mas por motivos de saúde não consegui. Não ia aguentar sequer um dia. Ontem, era para vir dar um apoio e deixar algumas águas e não consegui ir embora. Decidi juntar-me a eles porque eles estão cá, por mim e por todos que estão na minha situação”, disse, citado pelo Público na segunda-feira.

 

Texto: Dúlio Silva; Fotos: Tito Calado e Nuno Moreira
PUB