Filomena Cautela entusiasmada com novo programa: «O nosso povo não é estúpido!»

O à-vontade e o sentido de humor de Filomena Cautela têm conquistado o coração dos portugueses e da crítica em geral. O seu talento foi premiado nos Troféus Impala de Televisão.

22 Set 2019 | 13:50
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A TV 7 Dias esteve com Filomena Cautela na apresentação de mais um projeto, o Jogo de Todos os Jogos, um formato de Ellen DeGeneres, que promete juntar as famílias em torno do pequeno ecrã. Nesta entrevista, a apresentadora fala-nos não só deste novo desafio, bem como da aceitação que o I Love Portugal tem tido, e ainda de teatro e da sua visão do Mundo.

Este é um formato internacional criado e apresentado por Ellen DeGeneres, que tem sido um sucesso a nível mundial. O que sentiu quando lhe propuseram ser a imagem deste concurso na versão portuguesa?

Eu já gostava muito do programa antes sequer de saber que o ia fazer. Já era muito fã do programa, pois seguia a Ellen e, de repente, quando me convidaram, eu não queria acreditar que o programa se ia fazer cá, pois parece tão internacional e de repente…é só a prova de que estamos preparados para outro tipo de formatos, grandes, com jogos divertidos e que misturam loucura, diversão, cultura geral e perguntas que as pessoas não fazem ideia. Para mim, é muito giro.

E tem um estúdio à altura…

Sim, estamos num estúdio que é um dos maiores, se não for mesmo o maior estúdio que alguma vez foi montado na televisão portuguesa. É uma responsabilidade enorme estar a representar este formato. Não só porque este programa é
líder de audiências lá fora, como tem uma produção muito robusta e muita gente a fazer isto.

Como é que define o Jogo de Todos os Jogos?

É uma grande maluqueira. Os jogos e os concorrentes é que são os grandes protagonistas. É um pouco de efeito jogos sem fronteiras com uma pincelada nova e moderna como nunca se viu. Já fazia falta um programa destes. Julgo que são este grandes formatos que juntam a família em redor da televisão. Julgo que é isso que a RTP quer fazer e está a conseguir.

Com o I Love Portugal tem conquistado os espectadores. Qual é a fórmula para obter o sucesso?

O que senti com o Vasco era que já fazia falta na televisão um programa assim. Não se teve medo de ir buscar a essência dos formatos mais antigos e torná-lo completamente novo, fresco e divertido. Quando estávamos a gravar, percebemos que tínhamos ali um grande formato. Tenho muito orgulho em estar num programa de domingo à noite em que se fala de Portugal. É um programa simples, muito divertido, e de cultura geral. E, além disso, é o programa maior de domingo à noite, pois passamos quase toda a franja desse horário. Estamos a lutar contra grandes formatos da SIC e da TVI, que vão passando, e nós continuamos no ar. E é muito lisonjeador, pois é um programa muito grande, é difícil ter grandes audiências, e isso, caramba, é muito bom. É uma honra ter aqueles números e ter toda aquela gente a acompanhar-nos. E está a crescer, o que é surpreendente.

Depois de uma edição tão especial, como foi a do último 5 para a Meia-Noite, não estão altas as expectativas para o seu retorno, lá mais para o final do ano?

 

O José Fragoso já foi adiantando e disse-o publicamente. Mas está na altura de dar o próximo passo para o 5. Acabámos o 5 muito bem e ficou muito «redondo», numa emissão que teve uma grande audiência, e foi muito bom. Foram dez anos muito redondinhos e bem feitos. Para continuar o 5 é para fazer mais e melhor, para que este ainda possa crescer e ser maior. Há que o fazer crescer. Por isso, quanto o 5 voltar, será com grandes surpresas.

E quanto à representação? Há novidades?

Em novembro vou repor a peça no Porto, no Rivoli, o Limbo. Continuo a fazer teatro e a atuar como atriz. Estou igualmente, há uns anos, a tentar criar um espetáculo, mas quero fazer com calma. É no teatro que me dedico a temas menos populares, que me inquietam e que é importante falarmos. Portanto, se me quiserem ver, estarei no Porto. É um espetáculo muito diferente e nunca se viu algo assim. É um acontecimento teatral de quatro ou cinco dias. Quem apanhou, apanhou, quem não apanhou… Em Lisboa, na Voz do Operário, esgotámos logo. Fala naquilo que é emergente falarmos, no que se passa neste momento no Mundo. Estamos a viver um momento muito difícil e o Limbo é sobre isso. Falámos sobre a crise dos refugiados, crise de valores…

A Filomena sempre se pautou por uma atitude crítica e interventiva sobre o que se passa, não só em Portugal, mas no Mundo em geral. É cada vez mais importante fazer passar a palavra e alertar consciências?

 

Sem dúvida. Tudo o que se está a passar à volta de Portugal é absolutamente escabroso. Estamos a viver tempos absolutamente loucos, no pior sentido da palavra. Nos Estados Unidos, no Brasil, aqui ao lado, em Espanha, e até em Itália, há coisas à nossa volta muito perigosas. O facto de não ter chegado a Portugal quer dizer muita coisa…

A que acha que se deve esse cenário?

 

Eu acho mesmo que ainda não chegou a Portugal porque o nosso povo não é estúpido e não se deixa enganar facilmente. Nós só vamos conseguir resistir a esta tendência no Mundo se continuarmos a questionar, pois estes movimentos são alimentados pela ignorância e por pessoas que não se interessam pela política, pela vida social, pela comunidade. E isso só não acontece em Portugal porque somos um povo inteligente, que quer saber mais e que não se deixa enganar. Para o bem e para o mal..

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Textos: Eduardo César Sobral; Fotos: Helena Morais, Arquivo e Instagram
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