Eurovisão 2019: FALTA DE COMIDA e preços exorbitantes em Telavive

A Eurovisão arrancou oficialmente a 12 de maio mas jornalistas, bloggers e comitivas estão em Telavive há mais de uma semana. Há queixas de falta de comida e também dos preços exorbitantes.

14 Mai 2019 | 17:09
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Nos bastidores da Eurovisão 2019, Joana Martins, a responsável pela produção de conteúdos online da delegação portuguesa, fez um vídeo humorístico que tinha o seu quê de sério. «É para ir comidos de casa?», questionava Joana… em tom de brincadeira, ou talvez não.

A 64ª edição do certame, que está a acontecer em Telavive, está rodeada de várias polémicas… e não apenas políticas.

Veja o vídeo

A TV7 Dias falou com jornalistas e bloggers que se encontram em Israel a acompanhar a Eurovisão e as críticas são unânimes: existem apenas duas roulotes onde os profissionais acreditados podem comer. E, embora não haja números oficiais, a Eurovisão costuma, em média, receber cerca de 1000 elementos da comunicação social.

«Da minha experiência, o centro de imprensa é mais pequeno do que em anos anteriores. Como tal, o número de postos de comida também é mais reduzido», começa por explicar José Carlos Garcia. O ex-presidente da OGAE Portugal, atualmente a representar o site Festivais da Canção, já esteve em várias edições do certame e critica a falta de condições em Telavive.

«Normalmente existe uma espécie de cantina com pratos do dia e saladas além dos quiosques de comida.  Este ano, apenas existem no exterior duas roulotes de fast food de comida típica (shoarma, kebab, falafel…) e um bar que serve sandes e snacks no interior», explica José Carlos Garcia, ressalvando que não há falta de comida mas que o serviço é «lento e demorado».

Pedro Miguel Coelho, do site Espalha Factos, explica que, no centro de imprensa em Telavive, apenas oferecem água (ao contrário do que aconteceu em Lisboa, onde havia várias máquinas de café, água e refrigerantes grátis). «Depois há um bar mas é bastante caro. Uma sandes de queijo custa cerca de 20 shekels, mais ou menos 5 euros», conta.

 

21 euros por fast food e intoxicações alimentares

 

Joana Martins expressou o seu descontentamento no Twitter, corroborando aquilo que os restantes jornalistas e bloggers portugueses expressaram à TV 7 Dias.

 

Ao que a TV 7 Dias apurou, as condições na Delegation Bubble, local onde estão as 41 delegações dos países concorrentes, são ainda piores do que as do centro de imprensa. Comida, pouca ou nenhuma, com a agravante de a Expo Telaviv ficar bastante deslocada do centro da cidade, não havendo nas imediações locais onde comprar mantimentos ou fazer uma refeição.

Veterano nas lides eurovisivas, o sul-africano Roy Van der Merwe não está satisfeito com as condições que tem encontrado em Telavive. E começa por referir o facto de não haver os chamados pigeon holes (pequenas caixas de correio onde são depositados materiais promocionais). «Os que não gostam de CD estão felizes. Depois vemos pessoas a agarrar 10 CD de uma vez e dá-me vontade de morrer», explica.

Roy foi, durante vários anos, presidente da OGAE Rest of the World (a OGAE é uma organização sem fins lucrativos que reúne vários clubes de fãs da Eurovisão). O sul-africano explica que «as condições de trabalho no centro de imprensa são fantásticas». «O local é enorme e o wi-fi tem funcionado sempre. O problema é que não existe comida grátis. Só água, nem sequer há café ou chá».

As filas enormes para comprar comida nas duas roulotes disponíveis no exterior do recinto já fizeram estragos. O sul-africano revela que «algumas pessoas apanharam intoxicações alimentares porque não cozinharam bem a comida».

«Mas, ao contrário de Lisboa, onde não era permitido levar comida para o centro de imprensa, aqui podemos trazer comida do hotel. Mas o custo de vida em Telavive é tão caro! O que gasto aqui numa refeição dava para ir 10 vezes ao McDonalds em Joanesburgo», lamenta, exemplificando:

«Em Lisboa, havia um centro comercial mesmo ao lado [nr: Vasco da Gama] e tínhamos uma variedade enorme de comida. Eu adoro KFC, por isso comia por 7 euros. Aqui, pela mesma refeição, pago 21 euros. Em Lisboa, orçamentei 10 euros por refeição e nunca ultrapassei esse limite. Aqui, estabeleci 12 euros e gastei o orçamento para 3 dias num só dia», conta.

O fã veterano nestas lides eurovisivas reconhece que «nenhuma Eurovisão é perfeita» e que há sempre problemas. «Em Lisboa, fiquei num hotel fantástico ao lado e ia a pé para o press center. Agora, estamos a 15 minutos de autocarro. E, se estes falharem, temos de caminhar durante uma hora».

Na última semana, a organização da 64ª edição do Festival Eurovisão da Canção fez preços especiais para tentar encher a arena Expo Telaviv. A título de exemplo, um bilhete para a final de 18 de maio custa, no mínimo, cerca de 330 euros. Na Eurovisão 2018, em Lisboa, custavam cerca de 150 euros.

 

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Texto: Raquel Costa | Fotos: Eurovision.TV

 

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