Conan Osíris: «Ainda estou BUÉ À TOA e dói-me bué o pé»

Minutos depois de uma vitória unânime, Conan Osíris nem acreditava que, em maio, será o representante de Portugal na Eurovisão. Agora, o intérprete de Telemóveis quer é… dormir.

03 Mar 2019 | 2:59
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Incredulidade é a palavra que melhor definia Conan Osíris, minutos após ter vencido o 53º Festival da Canção. Tiago Miranda, o intérprete de Telemóveis, a música que irá representar Portugal na Eurovisão, em Israel, chegou à sala de imprensa do Portimão Arena de semblante espantado, cansado e, além de toda a estupefação, feliz.

«Nunca num milhão de anos pensei que as pessoas iriam digerir a minha linguagem. Aparentemente as pessoas estão a entender-me», confessou. Na final do certame, Conan e o seu bailarino, João Reis Moreira, trocam o preto pelo branco, mantendo as mesmas indumentárias criadas por Luís Carvalho.

Além da máscara criada por Adriana Ribeiro, já usada na primeira semifinal, o cantor juntou-lhe outro adereço, uma espécie de dedos metálicos que, em conversa com os jornalistas, foi retirando, como se o homem, mesmo sem os anéis, valesse mesmo só por si, pelos dedos, pelas mãos. Pela voz.

«Não sei se estou preparado. Ainda estou bué à toa e dói-me bué o pé», diz, aludindo à queda que deu no início desta semana. «Estou super insensível. Tomei um analgésico por causa do pé», conta. 12 pontos do voto popular e 12 pontos do júri regional, uma vitória que teve tanto de unânime como de inesperado… a julgar por duas semanas de comentários e críticas. «O rapaz ali estava dizer-me que tive bué pontos, mais do que o Salvador…eu não percebo nada disso mas… wow… obrigado pessoal!», vai contando.

Consciente de que, nas semanas após a primeira semifinal, foi não só alvo de críticas mas também objeto de desejo de canais de televisão, programas de rádio e da curiosidade geral, o cantor de 31 anos admite que essa curiosidade o ajudou a conquistar a vitória.

«Para as pessoas que não estão satisfeitas com a minha vitória, o que é super legítimo, a culpa também é um bocado de como as coisas estão arquitetadas. Eu não tenho culpa de toda a gente me ter chamado a semana passada para fazer cenas. Talvez tenha ajudado a que as pessoas compreendessem. Ou talvez as pessoas que não me conheciam na semifinal tenham tido tempo para digerir», explica.

Na atuação final, após a vitória, Conan pediu para que os sete finalistas se lhe juntassem. E, no final da atuação, quando o cantor e o bailarino caem no chão, os restantes músicos caíram também, como se fizessem parte da performance. «Eu já queria que eles estivessem ali desde o início e fez todo o sentido para mim porque estes dias foram como eu nunca senti, de irmandade, de não competição, de uma cena super saudável», explica, elogiando os colegas. «Fiquei com pena dos outros porque são os meus amigos que não vão estar comigo para a próxima», contemporiza.

 

«Menino, eu vou a Telavive como vim aqui a Portimão»

 

Questionado sobre se se sente pressionado pela onda de críticas positivas internacionais, Conan responde, fiel a si próprio: «Menino, eu vou a Telavive como vim aqui a Portimão. Agora vou a outro sítio e vamos ver o que é que dá! Eu nem sei se para a semana estou cá ou não! Vamos ver».

Sobre a ida à Israel e as questões políticas que se levantam sobre esse país, Conan Osíris responde de forma… politicamente correcta. «As coisas nem sempre são normais como parecem. Temos de ter alguma capacidade para moldar o que é ser normal. Ainda estou a estudar as possibilidades e as realidades e vou digeri-las e vou prosseguir e ver o que é considerado o normal nessa situação».

 

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Um dos momentos mais inusitados da conferência aconteceu quando um repórter do programa Faz Faísca, RTP, entregou um balão em forma de coração, representando o coração de todos os portugueses. «Isso não é um balão, pois não? Eu odeio balões! Mas obrigado…. tenho medo de balões!».

Terminada a conferência a questionado se iria celebrar a seguir, o cantor respondeu: «Eu preciso de descansar. Parece que não durmo há uma semana».

 

Texto: Raquel Costa | Fotos: Zito Colaço
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