António Pedro Cerdeira dedica troféu a alguém especial: “Este prémio é para o Pedro Lima”

O ator foi premiado pela Impala e conversou com a TV 7 Dias sobre a carreira, o ser considerado galã, a morte dos pais, a relação com os filhos, o envelhecimento e muito, muito mais…

30 Out 2020 | 10:49
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António Pedro Cerdeira foi galardoado com o troféu de Melhor Ator de Série pelo seu desempenho em “Onde Está Elisa?”, da TVI. A TV 7 Dias entrevistou o ator que fez revelações surpreendentes

TV 7 Dias – Nos Troféus Impala de Televisão 2020 recebeu o prémio de melhor Ator de Série, em Onde Está Elisa?, da TVI. Como se sente com esta distinção?

António Pedro Cerdeira – Tem bastante significado, principalmente pelo facto de ter sido nomeado e ter ganho num projeto que foi justo ter esta nomeação. Digo isto, não só pelo meu trabalho, mas porque foi um projeto em que se tentou fazer em moldes diferentes, ou seja, com mais calma, com mais câmaras, uma tentativa de se fazer um trabalho sem ter aquele stress das novelas… O facto de ter sido nomeado e o facto de ter ganho é algo que dá alento, motivação e prazer. Penso que devo continuar a trabalhar para ganhar outro. (risos)

Dedicou este troféu ao Pedro Lima…

Onde Está Elisa? tem uma história. Dois anos antes de ter sido gravado, era para ter sido eu e a Fernanda Serrano nos papéis principais. Mas devido a ser um projeto caro, decidiram cancelar, o que foi um balde de água fria. Isto coincidiu com a minha saída da TVI (2015). Estava eu a fazer um projeto na SIC e decidiram retomar o Onde Está Elisa?. Nessa altura, no alinhamento inicial, o Pedro estava neste papel, que tinha sido meu antes. Mas aí convidaram-me e eu consegui conciliar. Então fiz o papel que já estava previsto em Onde Está Elisa? e o Pedro passou para o vilão da história. Para além da relação pessoal que tinha com ele, era padrinho do meu filho mais velho, Lourenço. Tínhamos muitas cenas juntos e falávamos muito sobre o projeto. De alguma forma fico feliz, porque se há projeto que podia ganhar especialmente, era este, porque dá para partilhar principalmente com o Pedro, porque ele tem muito a ver com o troféu…

Agora que falamos do Pedro Lima… Sentiu que se passava alguma coisa diferente com ele?

Não… e ainda hoje guardo a gargalhada dele. Isto só mostra que todos nós temos os nossos problemas interiores, os guardamos e escondemos. E ainda para mais com os tempos que vivemos, isto só agrava as situações financeiras, do contacto humano, do podermos viver à vontade… Tinha falado com o Pedro três ou quatro dias antes do que aconteceu. Tínhamos falado até de trabalho. Na altura nós, amigos próximos, comentámos que se fizéssemos uma lista de pessoas para tomar uma atitude destas, ele seria o último dessa lista. Jamais pensaria nele! Eu cheguei-lhe a dizer isto várias vezes: nós às vezes temos de tentar não sofrer por antecipação e devemos, de alguma forma, tentar “esquecer os problemas” durante uns dias, umas horas, porque permite ganhar outra força. O Pedro vivia as coisas de uma forma muito intensa na forma como vi a profissão. Ele vivia e respirava o trabalho.

Não estaria nunca à espera de uma atitude destas…

Não, de todo. Foi uma surpresa, tanto que quando recebi a notícia, foi muito cedo e ainda me pediram para ir lá para o sítio onde aconteceu. É daquelas situações que demora a cair a moeda e pensamos: “Não é possível. Não, deve haver um engano.” Demorei muito tempo a assimilar e a acreditar.

Saiba, na a edição em banca, como o filho mais velho de Cerdeira, afilhado de Pedro Lima, lidou com a morte do padrinho.
Texto: Andreia Costinha de Miranda; Fotos: Tito Calado
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