«Voz frouxa» e «gangster efeminado». André Ventura ataca Agir e leva nova resposta

André Ventura e Agir iniciaram uma troca de palavras amargas nas redes sociais. «Para acabar contigo nem sequer era preciso censura», disse o líder do Chega. «És uma mer**», repetiu o cantor.

03 Jun 2020 | 17:10
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O nome de André Ventura está envolto numa nova polémica. Desta vez com Agir. O primeiro episódio desta novela foi relatado pela TV 7 Dias, na manhã desta quarta-feira, 3 de junho, quando escrevemos que o músico reagiu à intenção do líder do Chega de, caso chegue ao poder, impor medidas mais restritivas no que toca à liberdade de expressão na Internet«O Twitter deixará de ser a bandalheira que é, pelo menos, em Portugal», disse o político… no Twitter.

«Não sei como vai ser no Twitter nem se vais ganhar mas, pelo sim, pelo não, aproveito já para dizer, enquanto posso, que és uma MER**», escreveu o filho do cantor Paulo de Carvalho e da atriz Helena Isabel, numa mensagem difundida no InstaStories, ferramenta do Instagram.

Pouco tempo depois, André Ventura partilhou a notícia da TV 7 Dias no Facebook. «Meu caro, para acabar contigo nem sequer era preciso censura. Basta que os portugueses tenham um pouco de bom gosto musical e nunca mais temos de ouvir essa voz frouxa e esse corpo tatuado à gangster efeminado», escreveu o deputado único do Chega naquela rede social.

 

O que disse André Ventura sobre Agir
O que disse André Ventura sobre Agir

 

Agir não se ficou e respondeu ao ataque de André Ventura, que ainda no mês passado foi dispensado da CMTV e do Correio da Manhã, depois de o diretor-geral editorial do grupo ao qual estes dois meios pertencem, Octávio Ribeiro, ter reconhecido que tinham sido «ultrapassadas algumas linhas vermelhas» nas posições assumidas pelo então comentador desportivo.

«Ok, não está péssimo, péssimo, mas estava à espera de mais. Acho que precisa de um ghost-writer [‘escritor-fantasma’, em português] para os insultos que está a ficar fraquinho. ‬ ‪P.S.: És uma mer**», reagiu Agir no seu perfil de Instagram, numa publicação que já conta com o apoio de vários anónimos e figuras públicas.

 

A nova resposta de Agir a André Ventura
A nova resposta de Agir a André Ventura

 

«Não alimentes tudo isto. Ele quer é que falem e lhe dêem 5 minutos de fama. Cairá sozinho de tanto ódio e, daqui a umas semanas, ninguém se lembra dele, acredita. ‘Fruta podre cai sozinha’», aconselhou, por exemplo, o cantor Nininho Vaz Maia, de etnia cigana, sobre a qual André Ventura tem tecido observações consideradas por muitos polémicas. Uma das mais recentes foi quando o político manifestou a intenção de apresentar, na Assembleia da República, uma proposta de «plano de confinamento específico para a comunidade cigana que não aceita, maioritariamente, as regras sanitárias e de autoridade pública para a generalidade dos cidadãos».

 

Costa para Ventura: «Já foi de trivela»

 

A controvérsia foi tal que Ricardo Quaresma, também de etnia cigana, entrou na discussão. O futebolista afirmou, na altura, que «o populismo racista do André Ventura apenas serve para virar homens contra homens em nome de uma ambição pelo poder que a história já provou ser um caminho de perdição para a humanidade». O líder do Chega logo reagiu, dizendo ser «lamentável que um jogador da Seleção Nacional se envolva em política», e o futebolista voltou ao ataque: «Por acaso vi a resposta do senhor André Ventura. Sinceramente, não percebi ele dizer que os jogadores não devem meter-se na política. Ele não pode esquecer-se de que ficou conhecido por defender o clube dele, ficou conhecido por falar de futebol.»

A polémica chegou à Assembleia da República. Já depois de a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, ter afirmado que «as ideias racistas» de André Ventura sobre o confinamento de ciganos «hão de ir parar ao caixote de lixo de onde nunca deviam ter saído», o primeiro-ministro, António Costa, respondeu ao líder do Chega: «Não há um problema com a comunidade cigana em Portugal. O senhor deputado é que tem um problema e já foi de trivela», disse o número um do executivo, aludindo à resposta de Quaresma.

«O senhor deputado resolveu criar um caso para uma parte importante dos portugueses, a comunidade cigana, como se fossem estrangeiros, sabendo que há séculos que são tão portugueses como nós. O que teve foi uma grande resposta de um campeão nacional e de um grande jogador da nossa seleção», afirmou ainda António Costa, para depois rematar: «De facto, é ter muito mau perder que depois de levar um baile do Quaresma a única resposta que teve foi de que sendo jogador da Seleção Nacional só tinha de estar calado. O direito à palavra é uma liberdade de todos».

 

«Chega de hipocrisia!», dispara Ventura

 

O tweet de André Ventura que motivou a primeira reação de Agir não terminava ali. Antes de demonstrar a vontade de controlar as redes sociais, o deputado único do Chega garantia que, «se o Chega vencer as eleições, ofender polícias, magistrados ou guardas prisionais vai dar mesmo prisão» no nosso país.

Uma mensagem que surgiu na sequência de uma proposta de voto de pesar pela morte de George Floyd, o afro-americano que morreu, deitado no chão, com o joelho de um polícia sobre o pescoço, na cidade norte-americana de Minneapolis. «O Chega não votará a favor do voto apresentado na AR por George Floyd, enquanto os partidos não souberem dizer o nome do jovem são-tomense assassinado no Seixal e tratarem o caso com a mesma indignação. Chega de hipocrisia!», escreveu André Ventura.

 

«Isto é tudo ilusório, isto é tudo mer**»

 

Também Carolina Deslandes se insurgiu contra os tweets do líder do Chega. «Só para vos informar de que tudo o que se está a passar no mundo não é só um problema do outro lado do oceano, é um problema mundial. É muito fácil aparecer com uma solução, uma solução bruta. É aliciante quando alguém aparece com uma solução milagrosa para os nossos problemas e quer culpar as minorias, os ciganos, quer sectorizar a sociedade e quer prender os maus e ajudar-nos a ter mais coisas», começou por dizer a cantora numa série de vídeos partilhados no InstaStories.

 

 

«Isto é tudo ilusório, isto é tudo mer**. É mentira», reagiu. «Isto é vir a reinar com supostas soluções que só trazem mais segregação, que só trazem mais violência, que só trazem mais preconceito. Não se deixem enganar e atenção que a extrema direita está a vir de fininho, mas ela está aqui. Saiam de casa quando for tempo de votar e vão votar», apelou ainda. Caso contrário, advertiu Carolina Deslandes, «isto vai tomar proporções que nem estamos a ver».

 

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Texto: Dúlio Silva; Fotografias: Arquivo Impala e reprodução redes sociais

 

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