13 autores, 13 contos, 13 realizadores. RTP aposta em número mágico para projeto «ousado»

«Inovador», «muito ambicioso» e «ousado» foram alguns dos termos utilizados para descrever os 13 telefilmes, de autores e realizadores diferentes, que os portugueses poderão ver daqui a um ano.

21 Nov 2019 | 17:10
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Está apresentado o Projeto Trezes. De uma iniciativa inédita levada a cabo pela RTP e a produtora Marginalfilmes vai resultar a adaptação de 13 contos de diferentes autores ao formato de telefilme, também eles dirigidos por 13 realizadores distintos.

O leque de histórias é vasto e vai desde o século XIX (Eça de Queiroz e Fernando Pessoa) à sociedade contemporânea (Rui Zink), com argumentos entregues a nomes como Patrícia MüllerPedro Marta Santos e Miguel Simal. Também a realização junta experientes, como António da Cunha Telles e António-Pedro Vasconcelos, a jovens, como João CayatteLeandro Ferreira.

Apresentado à imprensa esta quarta-feira, dia 20 de novembro, o Projeto Trezes recebeu luz verde do Diretor de Programas da RTP, José Fragoso, assim que o gestor teve o primeiro contacto com José Carlos Oliveira, que dirige a Marginalfilmes. «Quando o Zé Carlos apareceu com este projeto, devo ter demorado dois minutos a dizer ‘isto faz todo o sentido’», recordou Fragoso. «Foi a primeira vez que me aconteceu na vida», ripostou o também realizador.

O Diretor de Programas da RTP realçou a «dificuldade que é, com os valores que se tem disponíveis em Portugal para trabalhar», levar um projeto desta envergadura avante. Ainda «mais difícil é com um projeto com estas características, que tem um lado orçamental muito limitado e restrito.»

Agradeceu, por isso, a todos os envolvidos – um número «mais perto das duas centenas do que de uma centena» – e terminou com um desejo: «Espero que este projeto sirva de referência para futuros projetos.» José Carlos Oliveira afinou pelo mesmo diapasão: «Isto poderá ser uma marca e poderá abrir um certo caminho para o mercado, que, infelizmente, a Lei do Cinema até hoje não conseguiu provocar.»

 

Projeto «bem português» para ver no último trimestre de 2020

 

Sobre este projeto, o presidente do Conselho de Administração da RTP, Gonçalo Reis, adjetivou-a de «muito interessante, muito ambicioso, inovador e bem português». «Temos a ficção como um dos pilares do serviço público. Temos apostado muito em fazer aquilo que o mercado não estava a fazer, nomeadamente séries, tentando demonstrar que o setor da ficção nacional não está limitado à monocultura das telenovelas. E julgo que o temos vindo a fazer com um nível de qualidade crescente. Agora, apostamos nos telefilmes, que não têm produção regular em Portugal. Nesse aspeto, lá está a RTP a cobrir uma lacuna de mercado.»

Gonçalo Reis salientou ainda o exercício de serviço público que, com mais esta iniciativa, a RTP está a fazer. «Aquilo que temos estado a fazer com as séries, aquilo que estamos a fazer com os telefilmes e aquilo que estamos também a fazer no apoio ao cinema português é dar um padrão de compromisso.»

 

«RTP deve fazer aquilo que o mercado não pode fazer»

 

No seu discurso, o presidente Conselho de Administração da RTP realçou ainda, entre outras, a presença de Nuno Artur Silva, com quem trabalhou no operador público de media quando este exerceu as funções de administrador da RTP com o pelouro dos conteúdos. Agora, surgiu no Palácio Marquês de Pombal, em Oeiras, enquanto Secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media.

Disse Gonçalo Reis que, na altura do mandato de Nuno Artur Silva na RTP, este «se debateu por uma politica de conteúdos arrojada e sofisticada», louvando o facto de, agora que exerce funções políticas, «tenha os meios a nivel setorial de continuar a lutar» por isso.

Nuno Artur Silva, cuja nomeação para Secretário de Estado gerou polémica, por ter vendido a produtora Produções Fictícias ao seu sobrinho para poder assumir o tutela daquela Secretaria de Estado na dependência da ministra da Cultura, Graça Fonseca, reforçou a «ousadia» da empresa de avançar com um projeto destes, provando que a RTP é «um operador diferenciado dos outros, no sentido em que deve fazer aquilo que o mercado não pode fazer». «Não é que o mercado não quer fazer, é que o mercado não consegue fazer», sublinhou.

 

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Alguns dos telefilmes já estão concluídos. Com um de cada vez a ser produzido, as filmagens vão estender-se até ao final do verão. José Condessa, Almeno Gonçalves, Miguel Damião, Duarte Grilo, Nuno Gil, Rui Luís Brás, Sara Norte, Sandra Santos e Margarida Moreira são alguns dos atores envolvidos nos 13 elencos diversificados. «Em termos de exibição, tendo a achar que vamos ter condições de emitir logo no último trimestre de 2020. Será seguramente um dos nossos conteúdos de referência para o próximo ano», prometeu José Fragoso.

 

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Texto: Dúlio Silva; Fotografias: Pedro Pina/RTP
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